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Foto do escritorFelipe Alecrim

A lata de sardinha que voa


O que se vê por cima das nuvens - Parte 2?!


Atenção tripulação, embarque autorizado.


Eu não sou o cara que vive viajando de avião, na real a frequência disso é beeeeeem pouca, mas sempre que isso acontece, me deixa pensativo e contemplativo, confesso.


Foi numa dessas reflexões de dentro de um avião que escrevi "O que se vê acima das nuvens", tanto o texto quanto a música, pois um momento como esse (de voar) me faz pensar nessas coisas.


O medo dessa parada cair (não tem como não pensar nisso), a paranóia de olhar as informações na tela e saber que estamos no momento a 830 km/h, ISSO É RÁPIDO DEMAIS, CARA! Altitude de 11899 m acima do nível do mar, temperatura de 56 graus negativos… sei lá, são informações básicas, mas que me fazem pensar. Estou escrevendo esse texto dentro de um avião, numa viagem de 3 horas de duração, então decidi externalizar esses pensamentos, inclusive pra ver se com isso, eu consiga dormir numa próxima ao invés de ficar fritando como sempre rs. Quase meia noite, o voo está quase lotado, só algumas cadeiras vazias (e uma delas ao meu lado, o que é maravilhoso, confesso rs). Tem gente vendo filme, gente ouvindo música, gente jogando, lendo livro, dormindo, tem até um tiozinho roncando. O serviço de bordo já foi finalizado, onde serviram amendoim, um salgadinho com gosto de torresmo de isopor rs, Coca cola e café (esse último é o culpado de me fazer escrever essa hora rs).


Então chegamos naquele momento onde ainda falta 1:30h de viagem e só nos resta esperar. Ah! O carinha na minha frente jogando PacMan e ele é terrível, perdeu todas de um jeito bem juvenil. Eu estou sentado no corredor, não tinha mais vaga pra janela e meu Pai ao meu lado, na outra fileira. Inclusive, ao lado do meu Pai tem um casal assistindo o último filme do Batman que eu ainda não vi rs.


Mas, afinal, porque raios eu to descrevendo essas coisas. Eu sei lá. não me venha com xurumelas (eu sempre quis escrever esse ditado kkkkk).

É uma parada maluca, cara. É uma lata de sardinha de váááárias toneladas VOANDO e nos levando pra um lugar longe pra caceta. Mas, além disso.


(Pausa porque o cara do meu lado quer ir ao banheiro).

E PS: Diminui o zoom da tela porque fiquei com receio de que alguém da conseguindo ler rs.


Minha pira na real é o tanto de alma aqui dentro. As mais diferentes vidas, as mais diversas histórias. Todas na mesma lata de sardinha, todas rumando pra um único lugar, mas cada uma com sua infinidade específica.


Não é maluco isso? Um bando de gente que se reuniu com um único objetivo: Ir até tal lugar, mas chegando lá cada uma vai viver sua história e seguir sua vida, mas nesse momento estamos todos aqui, presos na lata de sardinha que voa, sem ter o que fazer, sem ter pra onde ir.


Ps. Meu Pai tá ouvindo Alceu Valença no fone que emprestei pra ele. Vive Alceu!

(fecha PS).


E o medo de morrer? O medo de dar alguma merda e essa lata de sardinha cair? Não existe a possibilidade de andar numa parada dessa sem pensar nisso, simplesmente não tem como! É foda, porque é sempre traumática uma notícia de queda de avião e apesar de serem raras (em comparação aos que não caem), são inevitavelmente traumáticas.


Aí, você fica paranóico pensando se abraçou a sua mãe o quanto deveria, fica pensando no que fazer se alguma merda acontecer…. AH, essa parte é um inferno!


Todos nós, essas quase 300 pessoas presas nessa lata de sardinha. Estamos acima das nuvens, cara! Tem noção disso? Filosófica e metaforicamente falando podemos dizer que as nuvens separam o mundo real e problemático do mundo puro, limpo, suave e silencioso.


Apesar que no momento que a lata de sardinha leva as pessoas e ultrapassa esse muro, os problemas chegam, porque são pessoas e pessoas são problemáticas, mas sei lá, pelo menos ali na lata de sardinha o pessoal disfarça e se contém um pouco rs.


Enfim, externalizei. Espero chegar ao destino em breve.

Opa, o brother voltou do banheiro.

Será que ele lavou a mão? Vou perguntar. Vou não, to zoando.


De onde será que ele é? Ele está indo pra casa? Visitar alguém? Trabalhar? Qual será a história de vida desse cara ao meu lado? Não vou perguntar, não sou desses que puxa assunto aleatórios. E outra, vai que ele tá com dor de barriga, eu seria chatão e inconveniente.


O tiozinho continua roncando, caraio.


Poderia ficar escrevendo até o fim do voo pra dizer como vai ser o pouso e etc, mas não, não vou rs. Já não sei qual o sentido desse texto, mas externalizar me fez bem e se alguém por um acaso do destino leu e chegou até aqui, espero ter, no mínimo, ter arrancado um riso ou que sua imaginação tenha te colocado aqui dentro do avião comigo. Já que não tem ninguém do meu lado mesmo, só na outra cadeira (porque são 3) e é o brother que provavelmente não lavou a mão no banheiro.


O tiozinho acordou.

Chegou minha hora de tentar dormir.


Viva Alceu, acorda tiozinho, lava a mão brother e vai aprender a jogar pacman o outro brother.


Adeus amigos.

Eu continuo por aqui, na lata de sardinha QUE AVUA!


Atenção tripulação, desembarque autorizado.

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